Preto Velho


Preto velho

Eu vivi a escravidão

ainda dói meu coração

Lembro bem quanto meu povo sofreu

Na senzala, foram lagrimas de dor

As marcas de ferro quente

mãos pesadas de um feitor

Oh ooo eu peço paz

Oh ooo cativeiro nunca mais

Oh ooo eu peço paz

Oh ooo cativeiro nunca mais

Os mais novos dos escravos

eram os que mais sofriam

As moças pretas mais belas

filhos nelas se faziam

Foi abuso de poder

quantos vão ter que morrer

Passado um dia quero te esquecer

Oh ooo eu peço paz

Oh ooo cativeiro nunca mais

Oh ooo eu peço paz

Oh ooo cativeiro nunca mais

Preto velho praticou

o respeito e o amor

Aquele que teve fome

o seu pão ele guardou

Quanto custa a liberdade

Nada compra a liberdade

Nos braços do pai maior

que seja feita sua vontade

Oh ooo eu peço paz

Oh ooo cativeiro nunca mais

Oh ooo eu peço paz

Oh ooo cativeiro nunca mais

 

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Abre a porta do céu São Pedro

Deixe as almas trabalhar

Ô virgem Imaculada, venha nos ajudar

 

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Eu vi um clarão nas matas e pensava que era dia

Eu vi um clarão nas matas e pensava que era dia

Mais era as almas, mais era as almas, mais era a almas

E o rosário de Maria

 

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Preto velho quando chega no terreiro

Ele vem do cativeiro

De cachimbo e pé no chão

Ô pega bemba risca o ponto e faz mironga

Saravá maria conga, saravá meu pai João

 

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Eu andava perambulando sem ter nada pra comer

Eu pedi as santas almas para vim me socorrer

Foi as almas que me ajudou

Foi as almas que me ajudou

Meu divino Espírito Santo

Viva Deus nosso Senhor

 

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Pai Joaquim cadê Pai José

Foi no mato apanhar guiné [bis]

Diga a ele que quando vier

Que suba a escada sem bater o pé

 

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Kenguelê, Kenguelê Xangô

Ele é filho da Cobra Coral [bis]

Olha Preto tá trabalhando

E o branco tá só olhando

Olha Preto tá trabalhando

E o branco tá só olhando

 

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Olerê meu Deus do céu, que alegria

Os Pretos Velhos não carregam soberbia

Meu Deus do céu isso aqui eu preferia

A estrala Dalva no ponto do meio dia

Eu vou plantar nesse quintal pé de pinheiro

Para mostrar como se quebra macumbeiro

Galo penacho bota macho na campana

Nesse terreiro galo velho não apanha

 

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Congo é congo, maravilha é congo

Congaruê sarava

Olha os congos que estão chegando

Congaruê sarava

 

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Ô Preta Velha você não me engana

Amarra saia com palha de cana

Ô Preta Velha você é faceira

O seu perfume é do botão da laranjeira

E o cigarro que ele fuma,

É de palha e de aruanda

E o marafo que ela bebe

Já venceu toda demanda

 

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Arriou na linha de congo

É de congo é de congo aruê

Cruzou com o povo de congo

Agora que eu quero ver

 

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Pai Joaquim êê, Pai Joaquim êá

Pai Joaquim veio de Angola

Pai Joaquim veio de Angola Angolá

 

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Vovó não quer

Casca de coco no terreiro [bis]

Por que faz alembrar

Dos tempos do cativeiro

 

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Cambinda mamanhê

Cambinda mamãe-nhá

[oi] Segure a Cambinda que eu quero ver

Filho de umbanda não tem querer [bis]

O povo de Cambinda

Quando vem pra trabalhar

O povo vem pela terra

Cambinda vem pelo mar

 

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Chora meu cativeiro

Meu cativeiro, meu cativeirá [bis]

No tempo da escravidão

Preto Velho muito trabalhou

Entrava em sua senzala

Sarava Ogum, Saravá Pai Xangô

 

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A fumaça do cachimbo da vovó

Ta subindo só não vê quem não quer

Preta Velha trabalha trabalha

A mironga da velha é na sola do pé

 

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Cajueiro Bento aonde nasceu Jesus [bis]

Ô virgem Imaculada chora aos pés da cruz [bis]

 

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Lá vem vovó, descendo a serra com a sua sacola

Com seu rosário, seu patuá ela veio de Angola

Eu quero ver vovó, eu quero ver vovó

Eu quero ver se filho de pemba tem querer

 

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Meu cachimbo estava no toco

Mandei o moleque buscar

Na hora da derrubada

Meu cachimbo ficou lá

 

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As almas dá

As almas dá

As almas dá pra quem sabe aproveitar

As almas dá

 

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Preto velho nunca foi a cidade

Ô Sinhá

Fala na lingua de Zambi

Ô Sinha

Êee ô Sinhá

Fala na língua de Zambi

Ô Sinhá

 

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O preto por ser preto

Não merece ingratidão

O preto vira branco

Na outra encarnação

 

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Olhei pro céu vi uma estrela correr

E nas pedreiras uma pedra rolar

E os Pretos Velhos sentados na areia

Quando a sereia começou cantarolar

E no seu canto, ela sempre me dizia

Eu só queria ter asas pra voar

Pra ir ao céu buscar a estrela que brilha

Pros Pretos Velhos enfeitar nosso conga

 

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Ninguém ouviu

Um soluçar de dor

No canto do Brasil

Um lamento triste

Sempre ecoou

Desde que o índio guerreiro

Foi pro cativeiro

E de lá cantou

Negro entoou

Um canto de revolta pelos ares

No Quilombo dos Palmares

Onde se refugiou

Fora a luta dos Inconfidentes

Pela quebra das correntes

Nada adiantou

E de guerra em paz

De paz em guerra

Todo o povo dessa terra

Quando pode cantar

Canta de dor

Ô, ô, ô, ô, ô, ô

Ô, ô, ô, ô, ô, ô

Ô, ô, ô, ô, ô, ô

Ô, ô, ô, ô, ô, ô

E ecoa noite e dia

É ensurdecedor

Ai, mas que agonia

O canto do trabalhador

Esse canto que devia

Ser um canto de alegria

Soa apenas

Como um soluçar de dor

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